Sentiu que de alguma maneira
já era tarde demais para recomeçar a falar de corações partidos. Sentiu que
este sentimento não tinha cabimento, e era mesmo verdade que já não mais cabia.
Todos os lugares possíveis já estavam ocupados pelos pedaços de suas metáforas
desprendidas, flocos de ilusões desalojadas de suas nuvens condensadas por sua
maneira de ser.
Vê como aquela estrela
brilha? Comentava ora cheia de alegria melancólica que sempre lhe fora tão
genuinamente sua. Era então assim, a passos lentos que desenterrava as mãos dos
bolsos do macacão azul marinho para apontar o pequeno sol noturno.
Vê? É a mesma estrela de
ontem, estava ali mesmo a essa mesma hora. Mas estaria ela brilhando da mesma
forma? Não. É confusão de nossos sentidos. Se o fosse não seria hoje outro dia
e talvez até fosse cansativo contemplá-la de novo. Todos os dias as estrelas
que distraidamente vão ilustrando os olhos do coração mudam um pouco, foi o que
certa vez ouvira dizer de um moço que vira comprando flores na loja da
esquina. Não concordava nem discordava, e achava mesmo é que nós é que mudamos o jeito
como visualizamos as estrelas, isso sim. Às vezes somos pequenos cegos de nós
mesmos, mas alguma hora devemos consertar isso.