Nos abraços do mundo é
que reencontrava seus instintos cobertos das mais densas seivas, nos
esconderijos sem nome. Agora o vento sopra diferente e as correntes já não
fazem tanto barulho, meu amor. Elas quebraram enquanto corria em busca de maçãs
maduras. Eu as achei.
Em dias assim, sempre se
corre em busca das maçãs, dos eus, dos outros, de nós. E quando a Terra vai se
bronzeando ao sol, eu quero apenas a expectativa de empreender todos os meus
dentes à procura da essência líquida da fruta, da vida. De fazer barulho
enquanto meus dentes descobrem as profundezas que depois irão escorrer pela
boca. Sentir descer pela língua as sensações que crio enquanto ando
desconstruindo algumas espécies de fantasmas que falam línguas estranhas, mas
que as vezes eu compreendo bem.
Se estes vultos saíssem de
minha mente, ah! Mas eles são eu, e eu sou eles. E nós provamos das mesmas
maçãs, mordidas com a fome de quem come a maçã proibida do Éden.