Escapismos não imprimem em
mim nenhuma mágoa. E mais, acho essa palavra tão linda... Só quero pegar o que
em mim foge. Pertenço a eras que não me pertencem, mas nisso me dou.
Faltante me faço e me
refaço, transitando por uma verdade ou outra. Por tantos rios calmos. Tantos
mares intranquilos. Acho até que poderia mudar o pensar e jogar em seu lugar o
querer, e jogar aos quatro cantos: “Quero, logo existo”.
Quero, e quero agora. Por
mais que me faltem palavras para traduzir o que é querer. E elas sempre me
faltam! Procuro-as por mania, e elas escondem-se, só de pirraça, birra. Quero
todo o efêmero, só porque vai se esvair logo e é difícil de capturar.
As seivas de todas as
árvores. Os poléns que saem grudados nas pernas das abelhas. Escrever a carvão
nas paredes. Fazer pinturas rupestres, ilustrando o quão primitivo é este
querer, que me tolhe. Me acolhe. Me amarra em sua cruz. Ilustrando o quão
primitiva sou em mim.
Desdigo-me e me refaço a
cada vontade, a cada novo plano. Ânsias, que me roem o estômago escancarando o
vazio. Essa secura na garganta que me faz desejar um afogamento por aí, só pra
ver se isso para.
Mas nunca para, não quero
que pare. E não querer já é vontade. Quero, logo existo.
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